O Projeto

Nas margens da maior floresta urbana do mundo, no Maciço da Pedra Branca, mora um lugar. O sertão carioca.

Existindo entre a memória coletiva de uma convivência secular com a floresta e uma nova ordem que a especulação imobiliária insiste em afirmar, neste lugar ainda encontramos uma cultura cabocla essencialmente carioca.

Este é um projeto sobre este lugar. E sobre este conflito.



O Lugar

No ano de 1936, o naturalista Magalhães Correia publica o livro Sertão Carioca. O autor utiliza a expressão ao se referir à região da baixada de Jacarepaguá, da Barra da Tijuca, Guaratiba e toda a área do entorno do Maciço da Pedra Branca seguindo até o mar.



No Sertão Carioca ainda encontramos vida selvagem em profusão : jacarés, capivaras, cachorro-do-mato, preguiças, tamanduás, tucanos, gaviões, répteis e pássaros ameaçados de extinção etc.

É, também uma terra repleta de história, com uma infinidade de sítios preservados : casas de fazenda, senzalas e quilombos, construções seculares, açudes, igrejas (São Gonçalo do Amarante, Igreja de Nossa Senhora da Pena, Capela de Mont Serrat), fortificações do tempo do Império, inscrições rupestres no Morro do Rangel, sambaquis em Guaratiba.

No Sertão Carioca ainda vive uma gente diferente do restante da cidade : agricultores tradicionais, artesãos, pescadores, tropeiros, descendentes de quilombolas, caboclos urbanos, alguns vivendo sem luz elétrica e a quilômetros de qualquer vestígio de civilização, frutos de uma cultura única, igualmente passível de desaparecer.

Gente que vive cercada pelo verde, que planta, colhe e tira o sustento dos recursos naturais, acredita no poder curativo das plantas e na força da oração para aplacar os males do corpo e da alma. Gente que vive num Rio de Janeiro quase rural, encravado no meio da metrópole.

Durante muito tempo, além de pulmão da cidade, o Sertão Carioca era responsável pelo fornecimento de gêneros alimentícios, e outros produtos primários, para toda a cidade. Tudo transportado em lombo de burro por trilhas que cortavam a mata, prática que persiste até hoje.

Sua importância diminuiu com o Plano Lucio Costa e o novo zoneamento urbano, que considerou todo o município do Rio de Janeiro como área urbana, relegando parte da população ao esquecimento.

O projeto Sertão Carioca foi criado em 2009 e pretende reencontrar a verdadeira identidade da região, resgatar a história de seus habitantes mais antigos, a memória dos seus ancestrais, o modo de viver de um Rio caboclo e caiçara que (quase) não existe mais.

Estão previstas várias ações pelo projeto como a fundação do Ecomuseu do Sertão Carioca e a publicação um blog com informações sobre este patrimônio material e imaterial de nossa cidade.

Contato
Rosa Bernardes
filmesdosertao@gmail.com


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