O Sertão continua existindo e resistindo dentro do Parque
O Parque Estadual da Pedra Branca foi criado por decreto em 1974, e compreende o Maciço da Pedra Branca, delimitado pela cota 100. Possui 12.450 hectares, ocupando 10% da área do município do Rio de Janeiro.
Grande símbolo da preservação da natureza na Zona Oeste, e dos costumes e tradições do Sertão Carioca, o Parque tem sofrido com inúmeras ameaças, advindas de sua localização na cidade. Incêndios, caça profissional, práticas de motocross, especulação imobiliária e desmatamentos fazem parte de sua rotina.
Por conta disso, em 2012 foi aberto concurso público, pelo Instituto Estadual do Ambiente, para a contratação de 220 guarda-parques no Estado, sendo 25 para o Parque da Pedra Branca. Com diferentes formações, de biólogos a advogados, os guarda-parques têm atuado em diversas frentes, seja no combate a incêndios, resgate de fauna, manejo de trilhas, atividades de educação ambiental, apoio à fiscalização, pesquisa científica, palestras, e cuidando de toda a operacionalização da gestão da unidade.
Nesse sentido, uma das áreas de destaque nas suas atuações é a relação com moradores e agricultores. Considerando as décadas de conflitos, já que, por ser uma Unidade de Proteção Integral, categoria do Sistema Nacional de Unidades de Conservação que não permite moradias ou produção agrícola, e cujo Plano de Manejo (documento que rege toda a gestão da unidade) realizado em 2012 levantou a existência de 5000 pessoas dentro dos seus limites, além dos tradicionais bananais e caquizais, dentre outros cultivares, foi necessário um trabalho intenso de democratização da gestão em prol do diálogo e da elaboração de acordos.
Com isso, conseguiu-se muitos avanços no sentido de restabelecer a relação com os moradores e agricultores, na perspectiva de formar aliados na conservação, já que os presentes no maciço, em sua maioria, possuem grande consciência ecológica, além dos saberes que só possui quem depende diretamente da natureza, e contribuem para a proteção de áreas que, de outra forma, estariam facilmente vulneráveis à especulação urbana. Apesar disso, a quantidade de funcionários é pequena para a demanda, e muitas áreas ainda ficam sem a atenção devida.
Diante deste cenário, entende-se que é necessário uma aliança entre o Estado e sua tarefa de preservação e proteção das áreas naturais, e comunidades tradicionais interessadas na manutenção dos seus históricos modos de vida, para contrapor-se ao capital na sua lógica de acumulação e exploração.
O Sertão Carioca continua existindo e resistindo dentro do Parque Estadual da Pedra Branca.
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Carlos Vinicius de Laia é Guarda-Parque Florestal no Parque Estadual da Pedra Branca. Faz Mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social na UFRJ e participa do Laboratório de Investigações em Educação, Ambiente e Sociedade da UFRJ.
Carlos Vinicius de Laia é Guarda-Parque Florestal no Parque Estadual da Pedra Branca. Faz Mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social na UFRJ e participa do Laboratório de Investigações em Educação, Ambiente e Sociedade da UFRJ.
Foto
Guarda-Parques do P.E. Pedra Branca e demais UCs após o combate a inúmeros incêndios florestais em um mesmo dia, Renan Zanatta.
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Parque Estadual da Pedra Branca (Facebook)
Parque Estadual da Pedra Branca (Facebook)
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