O griô do Quilombo
Jorge dos Santos Mesquita, também conhecido como Pingo, é o Griô do quilombo Cafundá Astrogilda, em Vargem Grande. O termo griô caracteriza os sábios da tradição oral que representam nações, famílias e grupos de um universo cultural fundado na oralidade, e que guardam a história e as ciências das comunidades. No dia de Zumbi, Pingo nos contou em trovas a história do Quilombo, em homenagem aos 126 anos do fim da escravidão. Acompanhe aqui este relato vivo de um pedacinho da história de nossa cidade:
Passaram 126 anos
Já não se ouve mais
O assovio do açoite
Nem o tilintar dos grilhões
Sons que por muitos anos
Atormentaram corações
Sois livres, partam!
Curem as suas feridas
Esqueçam o horror da senzala
Reconstruam suas vidas
Os negros desnorteados
Libertos enfim dos seus nós
Ocuparam uma imensa área
Os ermos dos cafundós
Foi ali que em pouco tempo
Começaram a surgir
Vários núcleos familiares
Que contarei a seguir
Cafundá, Morro Redondo
Eram os maiores que tinha
Também o Sítio das Moças
E a Toca da Farinha
Era nessa famosa toca
Que os escravos foliões
Quando deixavam o trabalho
Faziam reuniões
O núcleo do Cafundá
Fundado por meu avô
Se destacou bem depressa
Como o maior produtor
Nesse núcleo em pouco tempo
Com as famílias unidas
Um casal se destacou
Seu Celso e Dona Astrogilda
Seu Celso e Dona Astrogilda
Dentro da comunidade
Fundaram um centro espírita
Para fazer caridade
Não cobravam um centavo
Pelas curas que faziam
Ela com os Orixás
Ele com homeopatia
Como o caçula da família
Tenho a maior devoção
Mantenho o altar dos santos
Preservando a tradição
Aprendi muito com eles
Histórias lindas ouvi
Sobre os que já eram mortos
Mas muitos eu conheci
Bibiano, Antônio Virgulino
Nonô Cárdia e Sino
Joaquim Querozene, Vico Pereira
Chico da Chácara e Nonô
Nessas terras nós nascemos
Vivemos com abundância
Hoje somos ameaçados
Pelo fantasma da ganância
Senhores governantes
Controlem seu egoísmo
Nos tirar da nossa Terra
Pra dar ao capitalismo.
Reconheçam Nosso Quilombo
E nos deixem ajudar
Nós que nascemos aqui
É que sabemos preservar;
Pingo Mesquita
O assovio do açoite
Nem o tilintar dos grilhões
Sons que por muitos anos
Atormentaram corações
Sois livres, partam!
Curem as suas feridas
Esqueçam o horror da senzala
Reconstruam suas vidas
Os negros desnorteados
Libertos enfim dos seus nós
Ocuparam uma imensa área
Os ermos dos cafundós
Foi ali que em pouco tempo
Começaram a surgir
Vários núcleos familiares
Que contarei a seguir
Cafundá, Morro Redondo
Eram os maiores que tinha
Também o Sítio das Moças
E a Toca da Farinha
Era nessa famosa toca
Que os escravos foliões
Quando deixavam o trabalho
Faziam reuniões
O núcleo do Cafundá
Fundado por meu avô
Se destacou bem depressa
Como o maior produtor
Nesse núcleo em pouco tempo
Com as famílias unidas
Um casal se destacou
Seu Celso e Dona Astrogilda
Seu Celso e Dona Astrogilda
Dentro da comunidade
Fundaram um centro espírita
Para fazer caridade
Não cobravam um centavo
Pelas curas que faziam
Ela com os Orixás
Ele com homeopatia
Como o caçula da família
Tenho a maior devoção
Mantenho o altar dos santos
Preservando a tradição
Aprendi muito com eles
Histórias lindas ouvi
Sobre os que já eram mortos
Mas muitos eu conheci
Bibiano, Antônio Virgulino
Nonô Cárdia e Sino
Joaquim Querozene, Vico Pereira
Chico da Chácara e Nonô
Nessas terras nós nascemos
Vivemos com abundância
Hoje somos ameaçados
Pelo fantasma da ganância
Senhores governantes
Controlem seu egoísmo
Nos tirar da nossa Terra
Pra dar ao capitalismo.
Reconheçam Nosso Quilombo
E nos deixem ajudar
Nós que nascemos aqui
É que sabemos preservar;
Pingo Mesquita